Feira de Santana – Público marca presença na 5ª Feira do Livro

 

 

A quinta edição da Feira do Livro – Festival Literário e Cultural tem atraído centenas de estudantes à Praça do Fórum, além de professores, artistas e outras pessoas da comunidade. Com uma programação variada até domingo (19) que atende a todos os gostos, o evento é visto como o melhor e mais movimentado de todas as edições, tanto por expositores, quanto pelos organizadores e o público visitante.

A Praça do Cordel Luiz Gonzaga foi uma das mais animadas nesta quinta-feira (16), terceiro dia da 5ª Feira do Livro. Centenas de visitantes de todas as idades paravam para ouvir recitais de poesias e causos contados pelos poetas populares presentes nos estandes.

Para o cordelista Jurivaldo Alves da Silva, esta é a maior e melhor Feira do Livro. “Fomos muito bem recebidos e as vendas estão correspondendo às expectativas; a Feira do Livro divulga o cordel entre os jovens que agora também compram e lêem nossos folhetos, o que é muito positivo”. Segundo observou, “antes, somente as pessoas mais idosas ou os intelectuais é que compravam cordel”.

Presente mais uma vez na Feira do livro como contador de histórias, o arte-educador e dramaturgo carioca Augusto Pessôa elogiou o número de visitantes. “É muito bom ver tantas crianças nos estandes, e o prazer delas manuseando os livros ou ouvindo as histórias com os olhos brilhantes de alegria. Isso desmistifica a idéia de que o livro é uma coisa pesada, que elas não gostam”, salienta Pessôa, que é também ator, cenógrafo e figurinista.

 

Fomento à leitura

Para o coordenador de Extensão da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), professor Washington Moura, mesmo com as chuvas, a visitação é intensa. “Somente na quarta-feira recebemos a visita de estudantes de 28 escolas”, comenta Moura. As pessoas são atraídas, conforme frisou, pelas diversas opções da Feira, com palestras e debates com escritores, recitais de cordel, shows variados e o lançamento de livros.

Entre as obras lançadas está o gibi “Feira de Santana – do Nascimento à Emancipação”, do presidente da Academia Feirense de Letras, o escritor Eduardo Kruschewsky. “O leitor conhece a história da cidade de maneira lúdica, obtendo conhecimento através da brincadeira”, disse o autor.

Ainda na manhã desta quinta-feira, foi realizada a mesa-redonda Políticas Estaduais de Livro e Leitura, sobre ações desenvolvidas no fomento à leitura na Bahia. Os presentes discutiram a formação não apenas leitores, mas também de cidadãos. Participaram representantes da Pró-Reitoria de Extensão da Uefs, do Conselho Estadual de Cultura, do Conselho Estadual do Livro e Leitura, da Secretaria da Educação do Estado da Bahia e da Secretaria da Cultura da Bahia.

A Feira do Livro é realizada através de parceria entre a Uefs, Arquidiocese de Feira de Santana, Direc 2, Sest/Senat, Sesi, Fundação Pedro Calmon e Prefeitura Municipal através da Secretaria Municipal da Educação.

A programação completa pode ser conferida na internet: (www.uefs.br/feiradolivro).

Marly Caldas – Ascom/Uefs

 

5ª Feira do Livro de Feira de Santana

Fortalecer a proposta de mobilização da comunidade para fazer da leitura um elemento facilitador da compreensão do mundo através da participação de cada ser na construção coletiva da cidadania.  Esta será uma das vertentes da 5ª Feira do Livro, evento promovido em parceria entre entidades de Feira de Santana e de Salvador que será realizada no período de14 a19 de agosto.

Os estandes já começaram a ser armados na Praça do Fórum de Feira de Santana e a expectativa de público é de aproximadamente 40 mil pessoas, número que representa um acréscimo de mais 15 mil visitantes, se comparada à edição do ano passado.

A Feira tem como objetivo geral mobilizar a comunidade feirense e da região circunvizinha para a importância da leitura como elemento facilitador da compreensão do mundo e da participação de cada ser na construção coletiva da cidadania. Espera-se contribuir para articulação entre os diversos conhecimentos produzidos sobre leitura e formação do leitor.

A Feira do Livro nasceu do desejo de educadores em despertar os dirigentes de instâncias públicas, privadas e filantrópicas para a importância de implementar políticas públicas do livro e da leitura na sociedade e possibilitar o acesso de pessoas excluídas do universo da leitura e de atividades culturais.

O sonho de executar o evento se tornou realidade em 2008, graças à união de esforços da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), Arquidiocese de Feira de Santana, Secretaria da Educação do Estado (Direc-02), Secretaria Municipal de Educação, Serviço Social do Comércio de Feira de Santana (Sesc), Serviço Social da Indústria de Feira de Santana (Sesi), Serviço Social do Transporte / Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (Sest/- Senat) e Fundação Pedro Calmon.

Além da exposição e venda de livros, a Feira terá vasta programação que envolve lançamento de livros; contação de histórias e de causos; conversa com o escritor; mesas redondas e palestras; seminário novas letras: outros novos autores; recitais; oficinas; teatro; música; exibição de filmes; biblioteca móvel; planetário – Observatório Antares; apresentação com fantoches; apresentação dos ganhadores do 4º Festival Anual da Canção Estudantil (Face) da Rede Estadual de Ensino; apresentação dos ganhadores do 3º Tempos de Arte Literária ( TAL) da Rede Estadual de Ensino; lançamento de editais de premiação pela Fundação Pedro Calmon; encontros de escritores, de cordelistas e de música.

Maiores informações podem ser obtidas através do site: www.uefs.br/feiradolivro, pelo e-mail feiradolivrouefs@gmail.com e pelos telefones (75) 3161-8154 ou 3161-8254 e da Pró-Reitoria de Extensão da Uefs.

Ascom/Uefs

26 de julho, dia da Padroeira de Feira de Santana

 

Desde o dia 17  de julho, a Paróquia da Catedral Metropolitana de Sant’Ana está em festa. O encerramento das festividades aconteceu hoje, dia 26 de julho. Sant’Ana é a avó de Jesus, padroeira da cidade de Feira de Santana e padroeira dos Professores.

Este ano a Festa da Padroeira também comemorou o Jubileu de Ouro da Arquidiocese de Feira de Santana. Pela manhã houve missa festiva na Catedral  e à tarde, uma procissão percorreu as ruas da cidade.

Como Sant’Ana é a avó de Jesus e como o dia 26 de julho é  dedicado às avós, ofereço a todas elas a linda crônica de Rachel de Queiroz.

 

A arte de ser Avó

Rachel de Queiroz

Netos são como heranças: você os ganha sem merecer. Sem ter feito nada para isso, de repente lhe caem do céu. É, como dizem os ingleses, um ato de Deus. Sem se passarem as penas do amor, sem os compromissos do matrimônio, sem as dores da maternidade. E não se trata de um filho apenas suposto, como o filho adotado: o neto é realmente o sangue do seu sangue, filho de filho, mais filho que o filho mesmo… Quarenta anos, quarenta e cinco… Você sente, obscuramente, nos seus ossos, que o tempo passou mais depressa do que esperava. Não lhe incomoda envelhecer, é claro. A velhice tem as suas alegrias, as suas compensações – todos dizem isso embora você, pessoalmente, ainda não as tenha descoberto – mas acredita. Todavia, também obscuramente, também sentida nos seus ossos, às vezes lhe dá aquela nostalgia da mocidade. Não de amores nem de paixões: a doçura da meia-idade não lhe exige essas efervescências. A saudade é de alguma coisa que você tinha e lhe fugiu sutilmente junto com a mocidade. Bracinhos de criança no seu pescoço. Choro de criança. O tumulto da presença infantil ao seu redor. Meu Deus, para onde foram as suas crianças? Naqueles adultos cheios de problemas que hoje são os filhos, que têm sogro e sogra, cônjuge, emprego, apartamento a prestações, você não encontra de modo nenhum as suas crianças perdidas. São homens e mulheres – não são mais aqueles que você recorda.

E então, um belo dia, sem que lhe fosse imposta nenhuma das agonias da gestação ou do parto, o doutor lhe põe nos braços um menino. Completamente grátis – nisso é que está a maravilha. Sem dores, sem choro, aquela criancinha da sua raça, da qual você morria de saudades, símbolo ou penhor da mocidade perdida. Pois aquela criancinha, longe de ser um estranho, é um menino seu que lhe é “devolvido”. E o espantoso é que todos lhe reconhecem o seu direito de o amar com extravagância; ao contrário, causaria escândalo e decepção se você não o acolhesse imediatamente com todo aquele amor recalcado que há anos se acumulava, desdenhado, no seu coração. Sim, tenho certeza de que a vida nos dá os netos para nos compensar de todas as mutilações trazidas pela velhice. São amores novos, profundos e felizes que vêm ocupar aquele lugar vazio, nostálgico, deixado pelos arroubos juvenis. Aliás, desconfio muito de que netos são melhores que namorados, pois que as violências da mocidade produzem mais lágrimas do que enlevos. Se o Doutor Fausto fosse avó, trocaria calmamente dez Margaridas por um neto…

No entanto – no entanto! – nem tudo são flores no caminho da avó. Há, acima de tudo, o entrave maior, a grande rival: a mãe. Não importa que ela, em si, seja sua filha. Não deixa por isso de ser a mãe do garoto. Não importa que ela, hipocritamente, ensine o menino a lhe dar beijos e alhe chamar de “vovozinha”, e lhe conte que de noite, às vezes, ele de repente acorda e pergunta por você. São lisonjas, nada mais. No fundo ela é rival mesmo. Rigorosamente, nas suas posições respectivas, a mãe e a avó representam, em relação ao neto, papéis muito semelhantes ao da esposa e da amante dos triângulos conjugais. A mãe tem todas asvantagens da domesticidade e da presença constante. Dorme com ele, dá-lhe de comer, dá-lhe banho, veste-o. Embala-o de noite. Contra si tem a fadiga da rotina, a obrigação de educar e o ônus de castigar. Já a avó, não tem direitos legais, mas oferece a sedução do romance e do imprevisto. Mora em outra casa. Traz presentes. Faz coisas não programadas. Leva a passear, “não ralha nunca”. Deixa lambuzar de pirulitos. Não tem a menor pretensão pedagógica. É a confidente das horas de ressentimento, o último recurso nos momentos de opressão, a secreta aliada nas crises de rebeldia. Uma noite passada em sua casa é uma deliciosa fuga à rotina, tem todos os encantos de uma aventura. Lá não há linha divisória entre o proibido e o permitido, antes uma maravilhosa subversão da disciplina. Dormir sem lavar as mãos, recusar a sopa e comer roquetes, tomar café – café! -, mexer no armário da louça, fazer trem com as cadeiras da sala, destruir revistas, derramar a água do gato, acender e apagar a luz elétrica mil vezes se quiser – e até fingir que está discando o telefone. Riscar a parede com o lápis dizendo que foi sem querer – e ser acreditado! Fazer má-criação aos gritos e, em vez de apanhar, ir para os braços da avó, e de lá escutar os debates sobre os perigos e os erros da educação moderna…

Sabe-se que, no reino dos céus, o cristão defunto desfruta os mais requintados prazeres da alma. Porém, esses prazeres não estarão muito acima da alegria de sair de mãos dadas com o seu neto, numa manhãde sol. E olhe que aqui embaixo você ainda tem o direito de sentir orgulho, que aos bem-aventurados será defeso. Meu Deus, o olhar das outras avós, com os seus filhotes magricelas ou obesos, a morrerem de inveja do seu maravilhoso neto! E quando você vai embalar o menino e ele, tonto de sono, abre um olho, lhe reconhece, sorri e diz: “Vó!”, seu coração estala de felicidade, como pão ao forno. E o misterioso entendimento que há entre avó e neto, na hora em que a mãe o castiga, e ele olha para você, sabendo que se você não ousa intervir abertamente, pelo menos lhe dá sua incondicional cumplicidade…

Até as coisas negativas se viram em alegrias quando se intrometem entre avó e neto: o bibelô de estimação que se quebrou porque o menininho – involuntariamente! – bateu com a bola nele. Está quebrado e remendado, mas enriquecido com preciosas recordações: os cacos na mãozinha, os olhos arregalados, o beiço pronto para o choro; e depois o sorriso malandro e aliviado porque “ninguém” se zangou, o culpado foi a bola mesma, não foi, Vó? Era um simples boneco que custou caro. Hoje é relíquia: não tem dinheiro que pague…

In, O brasileiro perplexo, 1964.

Bando Anunciador da Festa de Santana 2012

A Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs) realiza, nesta quinta-feira (4), a partir das 19h, mesa redonda sobre o Bando Anunciador da Festa de Santana. Está confirmada a presença da professora Ana Rita Neves, do jornalista e publicitário Zé Coió e do foto-jornalista Reginaldo Tracajá. A mesa redonda, aberta à comunidade, será realizada no Centro Universitário de Cultura e Arte (Cuca), localizado na rua Conselheiro Franco, centro.

Dentro da programação, haverá escolha da Rainha do Bando e a exposição “O Bando Anunciador – Registro Iconográfico 2011”, com fotografias de Beto Souza, George Lima, Juraci Dórea, Tomaz Coelho e de membros do Clube de Fotografia Gerson Bullos.

O Bando Anunciador da Festa de Santana volta às ruas domingo (8), com saída às 7h Cuca. O cortejo seguirá em direção à praça Froes da Motta, retornando pela rua Tertuliano Carneiro, praça da Bandeira, rua Marechal Deodoro, com apoteose no tradicional Beco do Mocó e na praça da Catedral Matriz.

A diretora do Cuca, Celismara Gomes, disse que este ano haverá novidades como o encontro de charangas no final do cortejo, com entoação do Hino de Senhora Santana e apresentação de canções populares. No café da manhã desta quinta-feira, os presentes assistiram uma prévia, com apresentação da Charanga Furiosos, do bairro Feira 10, comandada pelo mestre Roque Marques.

O Projeto Bando Anunciador da Festa de Senhora Santana foi executado pela primeira vez em 2007 numa iniciativa da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), à qual está vinculado o Cuca. O objetivo foi resgatar uma das principais festas populares que, durante décadas, atraiu milhares de pessoas ocupando as largas ruas centrais de Feira de Santana com cortejos diversificados.

Ascom/Uefs

 

Seca na Bahia

 

O Nordeste é estigmatizado pela seca, pela pobreza e pela imigração. O verão foi quente e seco e as trovoadas, tão esperadas nessa época, não aconteceram. Em consequência, os  leitos dos rios e riachos estão secos e mesmo quando ainda resta um pouco d’água deixam aparecer a terra esturricada e rachada.

Os animais com sede e fome definham até morrer; os homens, entre desolados e tristes esperam resignados pela ajuda divina, pois os milhões prometidos pelos governantes não chegam até eles devido à burocracia e ao descaso. A falta de chuva e as lavouras perdidas os impedem até de comer, pois as árvores frutíferas não produzem e o feijão que mata a fome não vingou e está custando caro nos supermercados.

Há cerca de quatro meses eram cerca de 150 municípios baianos vítimas da estiagem; hoje são mais de 200 em estado de emergência. No entanto, nas propagandas oficiais a “água para todos” jorra nas profundezas do sertão. Não é o que mostra a realidade.

Hoje encontrei uma cópia de um poema, quase desconhecido, que transcrevo abaixo, escrito pela poeta feirense Georgina Erismann, na primeira metade do século XX. Ele continua atual:

Inclemência

Georgina Erismann

O coração da terra anda chorando

Com saudades da chuva…

Por mais que o céu prometa

dos olhos das estrelas

as lágrimas não caem…

O sol devora tudo.

Tornou-se cor de bronze,

a mata, que era verde.

Calaram-se todas as fontes…

Morreram os passarinhos…

Há fome pelas estradas.

Há sede pelos caminhos.

Matéria sobre a seca (02/04/2012) no Jornal Nacional.