Para começar a festa

 

Um Homem e seu Carnaval

Deus me abandonou

no meio da orgia

entre uma baiana e uma egípcia.

Estou perdido,

Sem olhos, sem boca

sem dimensões.

As fitas, as cores, os barulhos

passam por mim de raspão.

Pobre poesia.

O pandeiro bate

é dentro do peito

mas ninguém percebe.

Estou lívido, gago.

Eternas namoradas

riem para mim

demonstrando os corpos,

os dentes.

Impossível perdoá-las,

sequer esquecê-las.

Deus me abandonou

no meio do rio.

Estou me afogando

peixes sulfúreos

ondas de éter

curvas curvas curvas

bandeiras de préstitos

pneus silenciosos

grandes abraços largos espaços

eternamente.

Poema de Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) publicado no seu primeiro livro, Brejo das Almas.

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Participação popular consolida o retorno do Bando Anunciador

 

 

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Demonstrando estar, de fato, ainda presente e forte no imaginário da população de Feira de Santana e de municípios da região, o Bando Anunciador da Festa de Senhora Santana, padroeira da região, voltou às ruas na manhã desse domingo (13), em mais uma edição da festa, resgatada pela Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs) em 2007.

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Extinta por determinação de alguns segmentos do poder público e da Igreja em 1987, as manifestações populares em louvor a Senhora Santana voltaram a fazer parte do calendário de eventos do município, com a participação de moradores de diversos bairros de Feira de Santana e de comunidades de outras cidades.

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Foi um desfile de cores, animação, criatividade, folia, bandas, charangas e muito mais. Muitas pessoas, emocionadas, disseram ter encontrado amigos que há anos não via, o que foi possível graças ao Bando Anunciador.

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.Fotos: Dan Souza