Dival Pitombo

 

                  Germinal

Na sombra do parque feliz

goteja o luar

cheirando a madressilva.

E o orvalho,

que viajou na cauda do vento,

mitiga a agonia dos girassóis

e fecunda o poema.

Rua Conselheiro Franco

Dival da Silva Pitombo (07/07/1915 – 03/07/1989) nasceu em Feira de Santana. Dedicou-se ao magistério, às letras e às artes, embora tivesse formação em odontologia. Foi professor de História e dirigiu o Instituto Educacional Gastão Guimarães; também fundou e dirigiu o Museu Regional de Feira de Santana e a Associação Feirense de Arte. Foi membro do Conselho Estadual de Cultura, sócio do Instituto Histórico e Geográfico da Bahia, da Associação Baiana de Imprensa, do Centro de Artes Plásticas do Nordeste, da Academia de Letras de Feira de Santana, da qual foi Presidente.

Dival da Silva Pitombo promoveu e incentivou os principais acontecimentos artísticos e culturais da cidade. Ao lado de Odorico Tavares, fundou o Museu Regional de Feira de Santana, contando com o apoio de Assis Chateaubriand. Além de membro do Conselho Diretor da Fundação Universidade de Feira de Santana e Diretor de Vida Universitária, fez parte do Conselho Editorial da revista da UEFS, Sitientibus, onde publicou poemas e contos. Como romancista, escreveu o romance Beco do Mocó, ainda inédito. Como poeta publicou em revistas e jornais culturais e em 1984 publicou o livro Litania para o Tempo e a Esperança.

            Os flamboyans estão floridos

A chama vegetal
devorando o verde.
Orgia rubra
agredindo a paz deste crepúsculo.
Poinciana régia.
Flor do Paraíso.
Labaredas de Sol
crestando ninhos.

Os flamboyants estão floridos!
Verde e escarlate,
mais escarlate que verde.
É como um incêndio no mar!
Na multidão indiferente
apenas a criança olha.

Os flamboyants são para os pássaros!

Homens práticos,
parai vossos computadores.
Mágicos, poetas,
sacerdotes,
homens públicos
e mulheres publicadas.

Vagabundos,
viciados e ladrões,
e lânguidas prostitutas
que investis na noite
o ouro das vossas vidas,
esquecei por um instante
a vossa loucura.

E correi, de mãos dadas,
para a praça.
Vinde olhar o céu,
que há um jardim de fogo
plantado no azul.

Os flamboyants estão floridos!

                         (Dival Pitombo)

 Foto: Leo Brasileiro