Encontro literário

Na quinta próxima, 14/06, às 20h, no Bistrô Caffé (Av. Maria Quitéria, 1960), o poeta e artista plástico Antonio Brasileiro, membro da Academia Baiana de Letras e um dos fundadores do Grupo Hera, irá nos brindar com sua inteligência e bom humor no 1º Café Literário promovido pelo Bistrô Caffé em parceria com Coleção Nova Letra e o grupo Sociedade dos Poetas Quase Vivos. O evento trará, além do bate-papo com o convidado, recital de poesia e performances artísticas.

A entrada é gratuita.

 

Poesia

 

TOADA

 Antonio Brasileiro

Pertencemos ao Universo,

mas o Universo é inventado.

Vamos saindo de lado,

porque o mundo é invertido.

Mas o mundo é divertido

e nós somos o inverso:

sérios, casmurros, contidos

como um bicho de seis lados –

quatro lados embutidos,

os outros dois atolados.

Entro na perna do pinto,

saio na perna do pato.

Quem quiser, me conte cinco.

Um poema e uma tarde azul

Canção

Antônio Brasileiro

A alegria mora no olhar.

O ser das coisas não tem sentido.

Felicidade, por que não vives

  sem perguntar?

A lua descendo tão devagar

e o manso gado pascendo ali:

por que, poeta, por que não vives

  sem perguntar?

A tarde é tudo. Búzios do mar

ecoam em suas conchas o ido.

Só tu, inquietude, não vives

  sem perguntar.

In Antônio Brasileiro. Desta Varanda (Alguns poemas), Salvador: P55 Edições, Coleção Cartas Bahianas, 2011, p. 39

 

Lançamento de livros

 

Lançamento de livros dos poetas Antonio Brasileiro e Ruy Espinheira Filho, no Póstudo Restaurante, na  Rua João Gomes 87, FreeShop do Rio Vermelho, dia 5 de dezembro, segunda-feira, das 19 às 22 horas. Os livros fazem parte da coleção Cartas Baianas, coordenada por Claudius Portugal.

Reflexões de um poeta

 

Divisor de Águas

Antônio Brasileiro

Prezados senhores, somos todos

da mesma cepa se vistos de binóculos.

Mas não somos os mesmos.

Eu, com meus poemas indecifráveis

vós, com vossas gravatas coloridas /

eu, com esta consciência de mim

vós, com vossa mesa farta /

 

eu, buscando o sempre inatingível

vós, com vossas gravatas coloridas I

eu, meditando muito sobre vós

vós, com sua mesa farta.

Não somos da mesma cepa, mas vistos

de binóculo somos os mesmos.

Eis uma grande injustiça.

In Antologia Poética. Salvador: Casa de Jorge Amado; Copene, 1996