Quinta-feira em Rijeka – Croácia

 

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De Opatija fomos conhecer Rijeka, também na costa do mar Adriático. Cidade bonita e alegre. Muita gente jovem e bonita pelas ruas; tudo muito limpo e organizado, trânsito fluído e bem sinalizado. A comida também vale um comentário especial; como se come bem nesse país! Pena que chovia muito e não pudemos aproveitar o melhor que a cidade oferece. Quem sabe em uma nova viagem?

Sexta-feira iremos para Zagreb, que vi de passagem na terça-feira e que parece muito bonita.

Observação: Quase todas as igrejas que vi por aqui são amarelas. Curioso, não?

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Itaparica – Uma ilha na Baía de Todos os Santos

Foto: Lenidavid

Vista parcial da Ilha de Itaparica

Visitei a Ilha de Itaparica pela primeira vez no final dos anos 70, num feriado prolongado do 07 de setembro. Éramos um grupo de aproximadamente 9 amigos, todos jovens; atravessamos a Baía de Todos os Santos numa barca, embora o ferry-boat já permitisse a travessia entre Salvador e a Ilha. Ficamos hospedados na casa dos pais de um dos amigos, em Mar Grande, que na época era uma vila sossegada. À noite, com a lua cheia iluminando o mar, íamos para a praia tocar violão e cantar, para a lua e para Salvador, que nos espiava do outro lado da baía. Aquelas imagens permanecem vivas na minha memória e lembro-me com muita saudade daquele tempo feliz e despreocupado, tempo bom em que se dormia com as janelas abertas ouvindo o marulhar das ondas embaladas pela brisa. Daí em diante, sempre que pensava em passeio, em férias, ou simplesmente em me oferecer paz e beleza, pegava a sacola e rumava para a Ilha.

Fonte: Google

Acontece que os tempos mudaram; a Ilha de Itaparica, que foi descoberta em 1º de novembro de 1501 por Américo Vespúcio, também mudou, não é mais a mesma.

Os terrenos próximos às praias calmas da costa atlântica, habitadas sobretudo por pescadores, foram comprados para especulação imobiliária e vendidos para a construção de condomínios fechados, em nome do progresso; como diz João Ubaldo Ribeiro, “um progresso que acabou com o comércio local; que extinguiu os saveiros que faziam cabotagem no Recôncavo; que ao fim dos saveiros juntou o desaparecimento dos marinheiros, dos carpinas, dos fabricantes de velas e toda a economia em torno deles”… Com o “progresso”, também a violência se instalou, facilitada pelo acesso fácil e pela inoperância do policiamento local. Agora dizem que vão construir uma ponte, mas como diz, ainda, João Ubaldo, “esse progresso é na verdade uma face de nosso atraso. Atraso que transmutará Itaparica num ponto de autopista, entre resorts, campos de golfe e condomínios de veranistas, uma patética Miami de pobre. E que, em lugar de valorizar o nosso turismo, padroniza-o e esteriliza-o, matando ao mesmo tempo, por economicamente inviável, toda a riqueza de nossa cultura e nossa História”.

A Ilha de Itaparica fica a 13 km de Salvador e é a maior das 56 ilhas da Baía de Todos os Santos. Além da importância histórica e singularidade geográfica, ela possui um conjunto arquitetônico dos mais aprazíveis, praias de águas mornas, cultura rica e diversificada, artesanato próprio e culinária das mais apreciadas. Ela tem como vias de acesso, os ferries-boats, as barcas, e uma ponte, na contra-costa, que a liga ao continente.

Fonte: ilhadeitaparica.com

Fonte: ilhadeitaparica.com

A Baía de Todos os Santos é a maior e uma das mais belas da costa brasileira. Sua ilhas, com praias e vegetação tropical, guardam monumentos de grande valor histórico e encantam os nossos olhos com o seu cenário, pontilhado de igrejas e capelas, fortalezas e belos solares. Nos séculos XVII e XVIII, ela foi o maior porto marítimo do Hemisfério Sul. Além de abrigar 56 ilhas, ela recebe as águas doces de inúmeros rios e riachos, tem como paisagem de fundo a cidade do Salvador, a primeira capital do Brasil.

Foto: Leni David

Foto: Leni David

Itaparica foi emancipada de Salvador em 1833, mas só foi elevada à condição de cidade no século XX (1962); A Ilha abriga dois municípios: Itaparica e Vera Cruz. O município de Itaparica administra os povoados de Porto Santo, Manguinhos, Amoreiras e Ponta de Areia; Vera Cruz, por sua vez, tem Mar Grande como sede e conta com os povoados da Penha, Barra do Gil, Coroa, Baiacu, Barra do Pote, Conceição, Barra Grande, Tairu, Aratuba, Berlinque e Cacha Prego. A sua extensão é 246 km² e nela vivem cerca de 50.000 habitantes.

Uma das riquezas do município de Itaparica é a Fonte da Bica, fonte de água hidromineral, com características hipotermal e radioativa. Passou a ser considerada Estância Hidromineral em 1937. Ela está localizada no centro da cidade, onde as pessoas se abastecem gratuitamente, numa bela praça sombreada, e que guarda recantos de grande beleza.

Foto: Leni David

"Eh! água fina, faz véia virá minina!"

Foto: Leni David

Um pouco de História

Os índios Tupinambás foram os primeiros habitantes do lugar, daí a origem do seu nome, Itaparica, que significa “cerca feita de pedras”, talvez em razão da barreira de arrecifes naturais voltada para o Atlântico, de aproximadamente 15 km de extensão, o que permite a formação de piscinas naturais de águas mornas e calmas, viveiro natural de polvos, lagostas e mariscos. A maioria destas praias tem águas rasas, mansas e mornas.

Foto: Leni David

Mas o povoamento da ilha nasceu na contra-costa, com a criação pelos Jesuítas, em 1560, de um pequeno povoamento onde hoje se localiza a vila de Baiacu, então denominada Vila do Senhor da Vera Cruz. Ali foi erguida, na mesma época, a primeira igreja da Ilha de Itaparica (2ª matriz do Brasil) em homenagem a Nosso Senhor de Vera Cruz, o que justifica também a origem do nome do município (Vera Cruz). Dessa igrejinha restam as ruínas, sustentadas por uma imensa gameleira.

Foto: Leni David

Foto: Leni David

Pôr-do-sol em Baiacu

Pôr-do-sol em Baiacu

Os religiosos também iniciaram ali, as culturas de trigo e cana-de-açúcar, além da criação de gado bovino. A pesca de baleias foi a sua segunda atividade econômica, chegando mesmo a ser explorada, entre os séculos XVII e XVIII, em escala industrial. Também proliferaram as destilarias e as fábricas de cal, que no século XIX, eram cerca de nove. Nesse período foram construídos sobrados senhoriais, existentes ainda nos dias atuais, e que hospedaram os imperadores Pedro I e Pedro II.

Quando da fundação da Vila do Senhor da Vera Cruz, hoje Baiacu, sob a orientação dos padres jesuítas, foi construída no local a primeira obra de engenharia hidráulica da então colônia, uma barragem para o abastecimento de água potável. Foi também em Itaparica, no engenho de Ingá-Açu, que se implantou a primeira máquina a vapor em terras brasileiras. A Ilha de Itaparica foi também local importante de construções navais. Nos seus estaleiros foi confeccionada e montada a primeira quilha da Marinha no Brasil e com o passar dos anos, os barcos e saveiros que embelezavam a Baía de Todos os Santos. Nesta época também existiam 5 destilarias de aguardente, além de fábricas de cal (nove, em meados do século XIX). Porém, a maior atividade econômica da Ilha foi a pesca da baleia, e em razão disso, ficou conhecida como Arraial da Ponta das Baleias. Rica e próspera, em 1763, a Ilha de Itaparica foi incorporada aos bens da coroa.

Foto: Leni David

Os registros históricos sobre a Ilha dão conta de inúmeros eventos, entre eles, em 1510, a vinda do navegador português Diogo Álvaro Correia, o “Caramuru” que, enamorado da índia tupinambá, Paraguaçu, filha do cacique Taparica, desposou-a. Em 1597, a ilha foi invadida pelos ingleses e entre os anos de 1600 e 1647 ela foi invadida pelos holandeses, que chegaram a construir uma fortaleza, o Forte de São Lourenço, hoje no centro do município de Itaparica e em excelente estado de conservação, ponto de atração turística e ponto de encontro de jovens e boêmios.

Foto: Leni David

Lenda Indígena

Conta-se, segundo a lenda indígena tupinambá, que no começo do mundo, um majestoso pássaro de plumas brancas alçou vôo do centro do universo e seguiu dias e noites sem parar, à procura do paraíso para pousar. Quando avistou o local que buscava, caiu exausto sobre ele e morreu. No seu leito de morte, suas longas asas transformaram-se em praias e, no lugar em que o coração bateu, a terra abriu-se formando uma grande e profunda depressão que as águas do mar invadiram, reservando seu centro para uma ilha que seria a rainha de todas as outras. Assim nasceu Kirymuré, para os índios e assim nasceu a Ilha de Itaparica no imaginário de sua população nativa. Um local de beleza, inusitada, mistérios, magia e muitas histórias.

Fotos: Leni David

Algumas das informações deste post tveram como fontes: Bahiatursa e Itaparicainfoco