Ter razão ou ser feliz?

 

Oito da noite numa avenida movimentada. O casal já está atrasado para jantar na casa de uns amigos. O endereço é novo, bem como o caminho que ela consultou no mapa antes de sair.

Ele conduz o carro. Ela orienta e pede para que vire na próxima rua, à esquerda. Ele tem certeza de que é à direita. Discutem. Percebendo que além de atrasados, poderão ficar mal-humorados, ela deixa que ele decida. Ele vira à direita e percebe, então, que estava errado. Embora com dificuldade, admite que insistiu no caminho errado, enquanto faz o retorno.

Ela sorri e diz que não há nenhum problema se chegarem alguns minutos atrasados. Mas ele ainda quer saber:

– Se você tinha tanta certeza de que eu estava indo pelo caminho errado, devia ter insistido um pouco mais…

E ela diz:

– Entre ter razão e ser feliz, prefiro ser feliz. Estávamos à beira de uma discussão e se eu insistisse mais teríamos estragado a noite!

                                (Autor desconhecido)

 

Recebi esse texto por e-mail (obrigada, Carol!) e com a mensagem, uma explicação: essa historinha foi contada por uma empresária durante uma palestra cujo tema era “simplicidade no mundo do trabalho”. Ela usou a cena para mostrar o quanto de energia nós gastamos, apenas para demonstrar que temos razão, independente de tê-la ou não.

E é aqui que o texto tem a ver comigo, que já briguei muito para defender meu ponto de vista. Hoje, prefiro ser feliz a ter razão!

 

Curiosidades sobre o português do Brasil

  

História das línguas indígenas

Sylvia Estrella* 

O tupi era a língua indígena mais falada no tempo do descobrimento do Brasil, em 1500. Teve sua gramática estudada pelos padres jesuítas, que a registraram. Era também chamada de língua Brasílica. O padre José de Anchieta publicou uma gramática, em 1595, intitulada Arte de Gramática da Língua mais usada na Costa do Brasil. Em 1618, publicou-se o primeiro Catecismo na Língua Brasílica. Um manuscrito de 1621 contém o dicionário dos jesuítas, Vocabulário na Língua Brasílica. O tupi é considerado extinto hoje e deu origem a dois dialetos, considerados línguas independentes: a língua geral paulista e o nheengatú (língua geral amazônica). Esta última ainda é falada até hoje na Amazônia.Nos primeiros tempos da colonização portuguesa no Brasil, a língua dos índios Tupinambá (tronco Tupi) era falada sobre uma enorme extensão ao longo da costa. Já no século 16, ela passou a ser aprendida pelos portugueses, que, de início, eram minoria diante da população indígena. Aos poucos, o uso dessa língua, chamada de Brasílica, intensificou-se e generalizou-se de tal forma que passou a ser falada por quase toda a população da colônia.

Em 1758, o Marquês de Pombal proibiu o uso da língua geral para favorecer o português. Nesta época, todos os habitantes da colônia falavam a língua geral, ou tupi, que deixou fortes influências no português falado no Brasil. No vocabulário popular brasileiro ainda hoje existem muitos nomes de coisas, lugares, animais, alimentos que vêm do tupi, o que leva muita gente a pensar que “a língua dos índios é (apenas) o tupi”, como explica o professor e pesquisador de tupi professor Navarro.  A língua geral amazônica ou Nheengatú desenvolveu-se no Maranhão e no Pará, a partir do Tupinambá, nos séculos 17 e 18. Até o século 19, ela foi veículo da catequese e da ação social e política portuguesa e brasileira.

Apesar de suas muitas transformações, o Nheengatú continua sendo falado nos dias de hoje, especialmente na bacia do rio Negro (rios Uaupés e Içana). Além de ser a língua materna da população cabocla, mantém o caráter de língua de comunicação entre índios e não-índios, ou entre índios de diferentes línguas. Constitui, ainda, um instrumento de afirmação étnica dos povos que perderam suas línguas, como os Baré e os Arapaço.

Língua original do Brasil  A língua tupi é aglutinante (uma frase é dita em uma palavra), não possui artigos, como o Latim e não flexiona em gênero e nem em número. Um bom exemplo do tupi é: Paranapiacaba = parana+epiaca+caba, mar+ver+lugar+onde.  Ou, lugar de onde se vê o mar; a vila fica a 40km de São Paulo, bem na Serra do Mar e de lá se avista a Baixada Santista.

Por causa da obra do padre Anchieta, no final do século 16, com sua Arte de Gramática da Língua Mais Usada na Costa do Brasil e do jesuíta Luís Figueira, com a A Arte da Língua Brasílica, “o tupi é a língua indígena mais bem-documentada e preservada que temos”, diz o professor Eduardo Navarro, pesquisador da matéria na Universidade de São Paulo. Ele afirma que o tupi é importante para se entender a cultura brasileira.

O brasileiro já nasce falando tupi, mesmo sem saber. “O português falado em Portugal diferencia-se do nosso principalmente por causa das expressões em tupi que incorporamos. Essa incorporação é tão profunda que nem nos damos conta dela. Mas é isso o que faz a nossa identidade nacional. Depois do português, o tupi é a segunda língua a nomear lugares no País”.

A lista de nomes é extensa e continua aumentando. Há milhares de expressões, como:

Ficar com nhenhenhém – que quer dizer falando sem parar, pois nhe’eng é falar em tupi.

Chorar as pitangas – pitanga é vermelho em tupi; então, a expressão significa chorar lágrimas de sangue.

Cair um toró – tororó é jorro d’água em tupi, daí a música popular “Eu fui no Tororó, beber água e não achei”.

Ir para a cucuia – significa entrar em decadência, pois cucuia é decadência em tupi.

Velha coroca é velha resmungona – kuruk é resmungar em tupi.

Socar – soc é bater com mão fechada.

Peteca – vem de petec que é bater com a mão aberta.

Cutucar – espetar é cutuc.

Sapecar – é chamuscar é sapec, daí sapecar e sapeca.

Catapora – marca de fogo, tatá em tupi é fogo.

O significado de grande parte dos nomes de lugares só se sabe com o tupi. Como nomes de bairros da cidade de São Paulo.

Pari é canal em que os índios pescavam,

Mooca é casa de parentes,

Ibirapuera é árvore antiga,

Jabaquara é toca dos índios fugidos,

Mococa é casa de bocós – bocó é tupi.

Na fauna e flora brasileiras, o tupi aparece massivamente: tatu, tamanduá, jacaré. Até nas artes ele é encontrado – como o famoso quadro de Tarsila do Amaral, o Abaporu, que quer dizer antropófago (canibal) em tupi. Segundo o professor Navarro, o tupi foi a língua mais falada do Brasil até o século 18 e foi a segunda língua oficial do Brasil junto com o português até o século 18.  Só deixou de ser falado porque o Marquês de Pombal, em 1758, proibiu o ensino do tupi.  O tupi antigo era conhecido até o século 16 como língua brasílica. No século 17, ele passou a ser chamado de língua geral, pois incorporou termos do português e das línguas africanas. Mas continuava sendo uma língua indígena, assim como é até hoje o guarani no Paraguai, falado por 95% da população. A dissolução do tupi foi rápida porque a perseguição foi muito violenta. Mesmo assim, até o século 19 ainda havia muitos falantes do tupi. Hoje, a língua geral só é falada no Amazonas, no alto Rio Negro – chama-se nhengatú e tem milhares de falantes entre os caboclos, índios e as populações ribeirinhas.

O professor Navarro conta que o nheengatú foi preservado na Amazônia porque lá a presença do Estado era mais fraca. “Na Amazônia, o português só se tornou língua dominante no final do século 19. Isso porque, em 1877, houve uma seca terrível no Nordeste, o que ocasionou a saída de 500 mil nordestinos da região, que foram para a Amazônia levando o português”.

Apesar do tupi ser uma língua morta, é também uma língua clássica, pois foi fundamental para a formação de uma civilização, assim como o foram o latim, o sânscrito e o grego, que é uma língua clássica ainda falada. O tupi foi fundamental também para a unidade política do Brasil.  Havia outras línguas indígenas que não tinham relação com o tupi, como a dos índios Guaianazes e Goitacazes. Mas eram línguas regionais. O tupi evoluiu para outras línguas além da geral. No Xingu, há línguas que vêm do tupi antigo e são faladas até hoje.

O curso de tupi da Universidade de São Paulo (USP) foi fundado em 1935, pelo professor Plínio Airosa e é o único  dessa língua em todo o Brasil. Tem duração de um ano e a procura é muito grande – em cada semestre há cerca de 200 alunos. 

*Sylvia Estrella (Jornalista formada pela Universidade de São Paulo, com especialização em jornalismo ambiental pelo The Institute for Further Education of Journalists – Fojo (Suécia). Trabalhou em diversos veículos de comunicação, empresas e organizações não-governamentais).

 

Fonte: UOL

 Aqui estão outras palavras de origem tupi que usamos no nosso cotidiano:

Aracy: a mãe do dia, a fonte do dia, a origem dos pássaros.

Arapuca: armadilha para aves.

Araxá: lugar alto onde primeiro se avista o sol.

Babaquara: tolo, aquele que não sabe de nada.

Biboca: moradia humilde.

Caboclo: (kariboka) procedente do branco, mestiço de branco com índio (cariboca, carijó, caburé, tapuio).

Caburé (tupi): kaburé, caboclo, caipira.

Canoa: embarcação a remo, esculpida no tronco de uma árvore; uma das primeiras palavras indígenas registradas

Carioca: kari’oka, casa do branco.

Cuíca: ku’ika,espécie de rato grande com o rabo muito comprido.

Curumim: menino (kurumí).

Capenga: pessoa coxa, manca.

Guaratinguetá: reunião de pássaros brancos.

Ibitinga: terra branca (tinga).

Ig: água.

Iguaçu: água grande, lago grande, rio grande.

Ipanema: lugar fedorento.

Ipiranga: rio vermelho.

Iracema: lábios de mel (ira, tembé, iratembé).

Ita: pedra

Itaberaba – Pedra que brilha

Itabuna – Pedra Preta

Itajubá: pedra amarela (ita, ajubá).

Itaparica – Cerca feita de pedra

Itapuan – Pedra que ronca

Itatiba: muita pedra, abundância de pedras (tiba).

Jacu: (yaku) uma das espécies de aves vegetarianas silvestres, semelhantes às galinhas, perus, faisões.

Juçara: palmeira fina e alta com um miolo branco, do qual se extrai o palmito.

Jurubeba: planta espinhosa e fruta tida como medicinal.

Jururu: de aruru, que significa triste

Mandioca: aipim, macaxeira, raiz que é principal alimento dos índios brasileiros.

Maracá: mbaraká, chocalho usado em solenidades.

Nhenhenhém: nheë nheë ñeñë, falação, falar muito, tagarelice.

Oca: cabana ou palhoça, casa de índio ( ocara, manioca)

Pará : rio

Paraíba : paraiwa, rio ruim, rio que não se presta à navegação.

Paraná: mar

Pereba: pequena ferida.

Pernambuco: mar com fendas, recifes.

Piauí: Rio de piaus (tipo de peixe).

Pindaíba: anzol ruim, quando não se consegue pescar nada.

Tijuca: lama, charco, pântano, atoleiro.

Tiririca: arrastando-se, alastrando-se, erva daninha que se alastra com rapidez.

Tocantins: bico de tucano.

Tupi (1): povo indígena que habita(va) o Norte e o Centro do Brasil, até o rio Amazonas e até o litoral.

Tupi (2): um dos principais troncos lingüísticos da América do Sul, pertencente à família tupi-guarani.

Tupi-guarani: um das quatro grandes famílias lingüísticas da América do Sul tropical e equatorial.

Xará: (X-rer-á) tirado do meu nome.

Yara: deusa das águas, lenda da mulher que mora no fundo dos rios.
                                                                (Várias fontes)

 

O muguet e o Dia do Trabalho

Primeiro de maio – Festa do trabalho e Festa do muguet

A história do muguet, essa florzinha singela e perfumada tornou-se um símbolo do mês de maio, tempo de primavera na Europa. Contam que os Celtas festejavam o muguet no primeiro dia do mês de maio. Na idade média ela era colhida para festejar as noivas; na França do Renascimento, Charles IX recebeu um galhinho de muguet no primeiro de maio e instituiu o costume de oferecer  muguets, nessa data,  às damas da corte.

Em seguida, as costureiras, também na França, cultivavam a  tradição de oferecer muguets às crianças no dia primeiro de maio, como porte-bonheur (símbolo de boa sorte) costume que foi incorporado pelos trabalhadores, que transformaram a singela flor em símbolo da festa do trabalho,

O muguet é uma planta originária do Japão; típica das regiões temperadas ela cresce nos bosques, em locais protegidos da luz intensa, na Ásia na Europa e nos Estados Unidos e desabrocha no início da primavera. Ele simboliza a entrada da primavera no hemisfério norte. O seu nome científico é Convallaria majalis leucanthenum.

As flores, que têm a forma de pequenos sinos, também são conhecidas como Lis de la vallée (lírio do vale) e lágrimas de Nossa Senhora (em Portugal); elas exalam um perfume delicioso e são consideradas como símbolos de felicidade e da boa sorte. O Muguet é a flor símbolo da Finlândia. Na França e na Bélgica ele é oferecido aos familiares e aos amigos no dia 1 de Maio, “Dia do Trabalho”, com votos de felicidades e prosperidade, e simboliza também, na França, os 13 anos de casamento, as Bodas de muguet.

Não sei se aqui no Brasil, no sul e sudeste, o muguet é cultivado. Ah, quando eu era menina, minhas tias e a minha mãe usavam, nas grandes ocasiões, um perfume francês que deixava o rastro por onde elas passavam; chamava-se Muguet du Bonheur (lírio da felicidade). Nem sei se ele ainda é comercializado.

Como não tenho muguets de verdade para oferecer deixo algumas fotos e votos de felicidades e prosperidade para todos. Feliz primeiro de maio!

 

Angola em foco

 

Recebi da minha amiga Tania Scofield, que no momento reside em  Angola, a foto que publico abaixo; a imagem, segundo Tania, é bem representativa desse país e de seu povo. O flagrante é de Lobito, uma cidade portuária que fica ao sul de Luanda. Uma cidade bonita, limpa, urbanizada, bem diferente de Luanda (cujo caos não deixa de ser interessante!).

A foto foi realizada em um período de seca, o chamado “Cacimbo” (são quatro meses sem chuva e paraticamente sem sol) e como se pode perceber o cenário é meio monocromático, o que contraste com o colorido das roupas das mulheres africanas. Para a fotógrafa, tudo é muito diferente e bonito.

 

Muito obrigada pela colaboração, Amiga!

Matryoshka, Baboushka, Matriosca… Mãe, Mulher

 

 Para Mabel

Quando eu era menina, certo dia encontrei uma caixa diferente entre as coisas da minha tia. Ela era de madeira fina, dourada, e tinha a forma de um cubo de aproximadamente dez centímetros de lado. Abri e dentro dela encontrei outra caixinha, um pouco menor. Retirei-a do interior da primeira, abri a tampa e outra caixinha apareceu. A última era uma caixinha minúscula e dentro dela havia um papelzinho dobrado onde estava escrito: “você é a razão do meu viver”.

Não lembro quantas vezes realizei o gesto, mas sei que foram muitas caixas que abri, pois o canto onde realizei essa façanha ficou repleto das mesmas.

Confesso que esperava encontrar alguma coisa mais valiosa, como um broche, ou um anel. Aquele papelzinho me pareceu insignificante; dobrei direitinho e o acomodei dentro da caixa minúscula, um pouco frustrada;  comecei a fechá-las, uma por uma, para devolvê-las ao lugar onde as havia encontrado, mas as tampas não encaixavam corretamente, apesar do meu empenho. Não consegui, e para meu desespero fui surpreendida, repreendida severamente, chamada de enxerida, buliçosa e ainda levei uns tapas.

 

Muitos anos depois recebi um presente de uma amiga que havia chegado da então União soviética. Era uma Matryoshka, uma boneca típica, símbolo nacional e muito reputada como souvenir. A minha amiga explicou que dentro daquela bonequinha de madeira haviam outras iguais, mas de tamanhos menores, numa sequência que variava de cinco a oito e que se repetia em escala decrescente. Nessa época eu morava muito longe da minha terra natal e aquele presente me trouxe de volta à infância. Sorri, comecei a abrir as bonecas e o episódio das caixas da minha tia vieram à tona. Arrumei-as com muito carinho, enfileiradas, sobre a estante.

Guardo essas bonequinhas com muito carinho; primeiro, porque a amiga que me ofereceu o presente, Myriam, não se encontra mais entre nós. Faleceu, vítima de uma leucemia, aos vinte e sete anos de idade. Era uma pessoa muito querida,  e o seu desaparecimento provocou em mim uma dor enorme, além da saudade que perdura até hoje. Segundo, porque essas bonecas têm o dom de me apaziguar e de me encorajar, quando preciso. Gosto também de mostrar as minhas Matryoshkas às crianças que vêm à minha casa e como eu, no passado, com as caixinhas da minha tia, raramente elas conseguem encaixá-las e recompô-las para que se tornem personagem única.

 

Depois aprendi que essas bonecas surgiram na época do Império Russo, em 1890, quando instituiu-se a produção de brinquedos educativos e folclóricos. As primeiras Matryoshkas reproduziam as camponesas com seus trajes coloridos. Aprendi, também, que a primeira Matryoshka foi pintada por Serguei Malútin  para ser exposta na feira internacional de Paris, em 1900 – onde ganhou medalha de ouro por sua originalidade. Atualmente  ela se encontra no Museu do Brinquedo em Serguiev Posad. E a partir daí as Matryoshkas vêm sendo cultuadas como  símbolo nacional e objetos de desejo dos colecionadores.

Essas bonecas representam a família. A tradução literal do nome Matryoshka é “mãezinha” (mãe = mater; e oshka, o diminutivo). Também aprendi que apesar da importância dessas bonequinhas no artesanato russo, elas têm sua origem no Japão. Em 1890 um brinquedo que representava um sábio budista, foi trazido do Japão e presenteado à família Mamôntov, grandes patrocinadores das artes no virar do século. Usando o boneco japonês como modelo, o artesão Vassily Zvyôzdotchkin e o pintor Serguei Malútin criaram então a primeira Matryoshka russa, batizando-a  com uma variação do nome russo Matryona, que deriva de mat’ (mãe). Mostrada com grande sucesso no pavilhão do Império Russo na exposição internacional de 1900 em Paris, desde então as Matryoshkas são meio de vida para os artesãos e fazem a alegria de quem as recebe como presente.

Há pouco tempo descobri que a famosa Matryoshka, também é conhecida como Baboushka. Finalmente, também descobri que carregamos conosco muitas Matryoshcas. Temos uma aparência externa, a grande matriosca, a que todo mundo vê, e no interior, várias outras, parecidas, cada uma delas carregando consigo predicados e defeitos. São elas que nos fazem fortes, destemidas, ousadas, desaforadas, sábias, justas, ou inconsequentes. São elas também que vacilam, sofrem e choram. O importante, porém, é o renascer constante; é a sabedoria de olhar lá fora e descobrir saídas possíveis. E como diz Adélia Prado, “Mulher é desdobrável. Eu sou”.E temos várias camadas, digo eu, como as Matrioscas!

Leni David

 Observação: Publicado originalmente no “De tudo um pouco” em 25/08/2009