Livro do poeta baiano Cyro de Mattos é publicado na Itália

 

 

 “Canti della terra e dell’acqua” é uma antologia do poeta Cyro de Mattos. Ela  reune 38 poemas, e foi publicada recentemente pela Editora Romar, de Milão,  (www.romar.editrice.it) com seleção e tradução de Mirella Abriani. Ela  já traduziu para o italiano, autores como Cecília Meireles e Carlos Drummond de Andrade.

Com  esta antologia, Cyro de Mattos alcança a marca de cinco livros de poesia publicados no exterior. Os livros são os seguintes: “Vinte Poemas do Rio”, edição bilíngüe, com tradução do poeta Manoel Portela para o inglês, e “Ecológico,  ambos editados pela Palimage, de Coimbra, Portugal; “Zwanzig Gedichte von Rio und andere Gedichte”, da Projekte-Verlag, Halle, Alemanha, com tradução de Curt Meyer Claso;, e “Poesie della Bahia”, publicação da  Runde Taarn Edizoni, em Gerenzano (Varese), Itália, com tradução de Mirella Abriani.

A antologia “Canti della terra e dell’acqua” é constituída de quatro partes: Os Sinais da Terra, Águas do Rio, Alguns Bichos e Águas do Mar. No livro estão presentes poemas inspirados na infância, rio Cachoeira, bichos e meio ambiente.  Sobre o autor Cyro de Mattos disse Jorge Amado: “Cantor da terra e das águas. Cantor do amor. Pastor de diversos bichos. Tão esplêndido poeta, tão esplêndido ficcionista”. Já a escritora e professora Graziella Corsinovi, da Universidade de Genova, presidente do júri do XII Prêmio Internacional de Poesia Maestrale Marengo d’Oro, assim opinou: “Poesia do mais amplo horizonte histórico e existencial, que evoca mistérios da epopéia brasileira com grande poder de sugestão”.

Um poema de Myriam Fraga

 

Banquete

O vinho
que  eu bebo
é  o preço
de  um  homem.

O prato que eu como,
sem  fome,
é  o salário
da  fome
de  um homem.

Mas,

o sonho que eu travo
com  fúria nos dentes

é  somente a metade
do sonho
de um homem.

 

 

  

 Myriam Fraga nasceu em Salvador, Bahia, em 09 de novembro de 1937. É membro da Academia de Letras da Bahia desde 1985 e dirige a Fundação Casa de Jorge Amado. A sua carreira literária teve início no final dos  anos 50, quando intelectuais da época, que frequentavam a Universidade, a Escola de Teatro e a Casa de Cultura localizada no bairro do Canela, se reuniam para trocar, ideias e escritos. O seu primeiro livro foi lançado em 1964, pela editora Macunaíma, criada por Glauber Rocha, Calazans Neto, Fernando da Rocha Perez e Paulo Gil Soares, com o objetivo de publicar as produções literárias dessa geração. 

Obra:

Poesia: Marinhas, Ed. Macunaíma, 1964, Bahia; Sesmaria, Ed. Imprensa Oficial da Bahia, prêmio Arthur Salles, 1969, Bahia; O livro dos Adynata, Ed. Macunaíma, 1975, Bahia. O Risco na Pele, Ed. Civilização Brasileira, 1979, Rio de Janeiro; A Cidade, Ed. Macunaíma, 1979, Bahia ; As Purificações ou o Sinal do Talião, Ed. Civilização Brasileira, 1981, Rio de Janeiro; A Lenda do Pássaro que Roubou o Fogo (Disco/Livro com música de Carlos Pita e monotipias de Calasans Neto), Ed. Macunaíma, 1983, Bahia; Six Poems: Tradução de Richard O’Connell, Ed. Macunaíma, 1985, Bahia.; Os Deuses Lares, Ed. Macunaíma, 1992, Bahia; Die Stadt, Ed. Macunaíma, 1994, Bahia; FEMINA, Salvador: Fundação Casa de Jorge Amado/Copene, 1996.

Prosa:  Flor do Sertão, Salvador, Ed. Macunaíma, 1986, Bahia

Antologias: Cinco Poetas, Ed. Macunaíma, 1966, Bahia; Antologia da Moderna Poesia Baiana, Ed. Tempo Brasileiro, 1967, Rio de Janeiro; 25 Poetas da Bahia, Ed. DESC, 1968, Bahia; Sete Cantares de Amigos, Ed. Arpoador, 1975, Bahia; Antologia de Poetas da Bahia, em alfabeto Braille (Ed. Fundação Cultural do Estado da Bahia, 1976, Bahia; Serial, 1978, Bahia; Em Carne Viva, Ed. Anima, 1984, São Paulo; Poetas Contemporâneos, Ed. Roswitha Kempf, 1985, São Paulo; Simulations Selected Translations, Ed. Atlantis, 1983, Estados Unidos; Sincretismo, a Poesia da Geração 60, Ed. Topboo

Homenagem a Irma Caribé

 

RUPTURA 

                        Irma Caribé

…e rasgando a ventania

(leveza e fúria)

nada mais é preciso mulher

que arriar as velas

ocupar a gávea

soltar os cabelos

suspirar profundo

olhar ao longe

nada dizer…

permitir apenas

que seus olhos digam…

(Um solto no outro, p. 70)

Írma Rosa de Lima Caribé Amorim – Nasceu em Feira de Santana. Odontóloga e educadora, Irma também era poeta; ela dirigiu o Centro de Cultura Amélio Amorim, foi  vice-presidente da Academia de Letras e Artes de Feira de Santana e membro da Academia de Cultura da Bahia. Publicou Um solto no outro (2003), em parceria com os poetas Cardan Dantas e Paulo Pedro Pepeu. Em 2005 publicou Noite Clara e em 2006, Avenida Senhor dos Passos. Tem poemas publicados nas revistas Hera e Arquitextos. Irma Rosa viveu o dia-a-dia da cultura baiana.

Os poetas não morrem, viram estrelas!