José Angelo Leite Pinto – Poesia em imagens

José Angelo Leite Pinto, natural de Feira de Santana, Bahia. Tem formação acadêmica superior e atuou, por muitos anos, como professor de ciências e biologia; é membro de várias entidades nacionais na área das ciências biológicas.

Ainda garoto, com uns 10 anos de idade, começou a utilizar uma câmera Rolleiflex do seu pai, que sempre gostou de fotografar, apesar de ser daqueles que, às vezes, até o dedo ficava registrado nas fotos, embora sempre tivesse sua câmera por perto. Isto lhe despertou uma curiosidade e vontade cada vez maior de fotografar.

Interessou-se por variadas técnicas de fotografia através de livros e revistas, e sempre se exercitando nesta câmera Rolleiflex, ganhou de presente de aniversário uma câmera Yashica-D de filme 120mm, passando a fazer experiências fotográficas com fundos, luzes, variações de diafragma, velocidade, etc.

Ainda garoto, fez um curso de revelação em câmera escura preto & branco, montou um pequeno laboratório e adaptou um projetor de slides para ser o ampliador, já que um ampliador profissional custava muito caro. Sua mãe Profª. Bernadete Pinto, disponibilizou um pequeno quarto nos fundos da casa onde moravam, para que montasse seu laboratório fotográfico e, no meio dos tanques de revelador, fixador, varais, etc. começou a exercitar incansavelmente a arte da fotografia.

Já na universidade no final da década de 70, fez um curso de extensão em Microfotografia, produzindo fotografias e slides para os laboratórios de biologia, zoologia, botânica e geociências. Exercitou como mergulhador, filmagem em formato Super-8 e fotografia submarina, utilizando equipamentos Minolta, quando participava de viagens de estudo para coleta de exemplares para os laboratórios da universidade. Também trabalhou durante anos no Observatório Astronômico Antares, onde atuou na área de fotografia astronômica através de câmeras analógica Pentax 35mm e digital CCD acopladas aos telescópios.


Conhecedor de aplicativos (softwares) de tratamento e manipulação de imagens, com o advento das câmeras digitais, passou a trabalhar com equipamentos digitais Nikon e Sony, com os quais fotografa para ilustrações de livros, catálogos, outdoors, cartazes, folders, web sites, etc.

Participa periodicamente de concursos e exposições de fotografia a nível nacional e internacional, exerceu o cargo de Diretor Secretário do Sindicato dos Fotógrafos Profissionais de Feira de Santana e atualmente é Presidente do Clube de Fotografia Gerson Bullos, filiado à Confederação Brasileira de Fotografia.


Em 2006 participou do Concurso Fotográfico da Revista Trade em Miami, Florida; em 2007 da XV Bienal de Arte Fotográfica Brasileira em Cores; em 2008 da Mostra de Fotografia “Panorama 2008” do Museu de Arte Contemporânea Raimundo de Oliveira em Feira de Santana; em novembro de 2008 representou o Brasil, junto com mais dois fotógrafos de Feira de Santana na 39ª Exposition Internationale D’Art Photographique e do 6º Salon d’Auteurs sur Invitation na França, além de algumas exposições virtuais em Lisboa e Budapest.

Se considera um fotógrafo amador em constante evolução e amante da fotografia.


“Fotografar é fazer poesia através de uma imagem.
O poema não é feito de letras, mas das cores que ficam no papel”

Observação: Postado originalmente no blog “Leni David – De tudo um pouco” , em 16/09/2009 às 14:29h

 

Galeano expõe pinturas no Museu de Arte Contemporânea

Após um longo período sem expor em Feira de Santana, o artista visual Jorge Galeano volta a mostrar suas obras mais recentes.  O vernissage acontece no dia 18 deste mês, às 20h, no Museu de Arte Contemporânea Raimundo de Oliveira.

Galeano apresenta cerca de 20 trabalhos, acrílico sobre tela, fechando uma série de exposições no Museu de Arte Contemporânea. Ele está voltando de uma recente tournée de exposição na Argentina, onde apresentou “Cun La luz del sertão”, com curadoria da artista Nora Dobarro.

 A mostra, uma realização da Fundación Centro de Estudos Brasileiros, aconteceu no período de 7 a 29 de outubro, com o apoio da Embajada  del Brasil, Secretaria de Cultura da presidência de La Nación , Gobierno de La Ciudad  e galeria de Arte Ruth Benzacar.

 Sobre Galeano, que é argentino, mas radicado em Feira de Santana, Nora afirma  que “o artista produz o entrelaçado de cores e as formas em uma ação de combate visual intenso apropriando-se ainda das ruas que transita diariamente e seus rituais”.

A Rainha da Primavera

 

Leni David

Ela tinha uns oito anos e se chamava Iara. Era gorducha e usava óculos de lentes espessas como fundos de garrafa; os óculos eram amarrados a um pedaço de elástico que contornava a cabeça e mesmo assim ela os quebrava com muito frequência. Seu rosto rosado e rechonchudo, emoldurado por cabelos louros e encaracolados, lembrava aqueles anjos barrocos pintados nos tetos das velhas igrejas da Bahia. A rua onde morava era tranquila e cheia de crianças. Iara brincava com a meninada da vizinhança e muitas vezes as brincadeiras terminavam em tapas e choros, pois não aceitava que a chamassem de feia.

Iara tinha seis irmãs e três irmãos. Viviam todos numa casa antiga e espaçosa onde havia um quintal e onde sobravam estripulias de crianças. As histórias contadas depois do jantar pelos mais velhos falavam de almas penadas, de botijas enterradas cheias de dinheiro, no tempo de Lampião; histórias de lobisomens, de mulas sem-cabeça e de uma mãe d’água que morava na Gurunga, uma cachoeirinha muito bonita que ficava perto dali. Histórias povoadas por princesas sofredoras e madrastas perversas, contadas em tom solene e misterioso, na cozinha, ao pé do fogão antigo.

O padrinho de Iara, seu tio Jonas, era irmão do seu pai. Ele era solteirão, gorducho, tinha um defeito em uma das pernas que o fazia mancar um pouco, e sua voz era fanhosa. Tio Jonas não tinha filhos e paparicava muito a sua sobrinha-afilhada. Ele era viajado. Conhecia toda a América Latina, visitava sempre o Rio de Janeiro, e se hospedava no Hotel Quitandinha, numa época em que para se chegar até lá era preciso embarcar num navio e viajar durante uma semana, ou mais.

Tio Jonas não fazia contas quando se tratava de oferecer presentes, ou satisfazer os caprichos da menina. Quando ele vinha à cidade para visitar a família, usava um terno branco de diagonal e um chapéu de baeta, arranjado na cabeça com elegância. Tinha no dedo anular da mão direita um anel de ouro muito largo onde se viam gravadas, em relevo, as iniciais do seu nome. Para prender a gravata ele usava um alfinete de ouro adornado por um diamante que lançava faíscas cintilantes.

Sua presença era sempre notada, pois exalava um cheiro bom de perfume caro. Sorridente, chegava à cidade com muitas malas, às vezes tão numerosas que eram necessários dois carregadores para transportá-las. Repletas de pacotes de presentes. Os mais apreciados eram as guloseimas: maçãs argentinas, vermelhas e cheirosas, produto luxuoso para aqueles tempos; bombons enrolados em papéis coloridos, chocolates acondicionados em caixas que pareciam de ouro e prata. Naquela época só havia uma sorveteria na cidade e quase ninguém possuía uma geladeira. Mas o padrinho de Iara comprava tigelas enormes de sorvetes, quilos de sorvetes, de vários sabores e cores, uma orgia de regalos gelados e açucarados para a meninada e para os grandes também.

Iara frequentava uma escola próxima à sua casa. Num fim de tarde ela chegou em casa trazendo uma grande notícia; haveria uma festa no mês de setembro, quando seria escolhida a rainha da primavera entre as meninas mais bonitas da turma; a festa tinha como objetivo arrecadar fundos para melhorar as instalações do prédio escolar que estava degradado. Para eleger a rainha todas as crianças receberiam cartõezinhos que valeriam votos; assim, a candidata que vendesse mais votos seria coroada.

Iara decidiu que ia candidatar-se a rainha da primavera, mas a professora foi contra a sua candidatura:

– Você não pode! Você é loura, mas não é bonita!!!

Mas ninguém conseguiu dissuadi-la. Também em casa, toda a família tentou demovê-la da idéia; sem sucesso. Porém, ela foi apoiada plenamente pelo avô e pelo padrinho, que se encantaram com a novidade.

No dia seguinte ela comunicou à professora que seria candidata e esta, mesmo a contragosto, foi obrigada a aceitar a candidatura da menina e a entregar-lhe cem cartõezinhos para serem vendidos e transformados em votos. Muito compenetrada e confiante, Iara conseguiu vender votos aos familiares e vizinhos; vendeu todos os cartões. E mais uma vez chegou em casa com uma nova remessa de cartões, que foi comprada pelo avô e pelo tio Jonas. Daí em diante, todos os cartões que lhe eram confiados eram vendidos sem demora, perfazendo uma soma considerável de votos e de dinheiro.

No dia da apuração o padrinho acompanhou a afilhada. Desde o início da contagem dos votos, Iara vencia com larga vantagem, quando o pai de uma das candidatas ofereceu mais dinheiro para eleger a filha. O tio Jonas, então, proclamou diante dos presentes, com sua voz forte e fanhosa:

– Se vocês cobrirem a soma que ela arrecadou, estão perdendo tempo! Quantos vocês querem? Dois mil? Três mil?

O silêncio caiu sobre a sala. Todos se entreolharam em silêncio, quando a professora proclamou Iara a nova Rainha da Primavera da escola, com uma larga margem de votos a seu favor.

Alguns dias antes da festa o padrinho viajou para a capital visando os preparativos para a coroação. Na sua volta deixou toda a família estupefata com os objetos e ornamentos que adquirira para abrilhantar a festa da afilhada. Trouxe cetro prateado e coroa de pérolas; um manto de veludo azul marinho bordado de lantejoulas. Sapatos de verniz e um magnífico vestido de tafetá cor-de-rosa, de mangas bufantes, estampado de bolinhas da mesma cor do manto. Uma beleza! Ah, trouxe também  novos óculos, com armação prateada, que deixou a menina encantada.

No dia da festa o padrinho requisitou toda a família e amigos para organizar o desfile. “Sua Majestade” deveria chegar à escola em grande pompa. Toda a rua teve o privilégio de assistir ao cortejo singular: duas meninas vestidas de branco abriam o préstito projetando pétalas de rosas sobre o caminho por onde passaria a Rainha da Primavera; em seguida, uma outra menina vestida como princesa deslocava-se lentamente levando nas mãos uma almofada de veludo azul-marinho, onde estava acomodada a coroa de pérolas. A futura soberana, sorridente e feliz, caminhava devagar levando nas mãos o cetro prateado. Seis garotas da vizinhança também faziam parte do cortejo segurando as bordas do longo manto real.

Houve comes e bebes, danças e muitas brincadeiras durante a festa da coroação. Quando tudo acabou Iara voltou para casa com os pés descalços, os sapatos novos nas mãos e com a cabeça adornada pela coroa de pérolas. Ela estava cansada e feliz, as faces coradas e o rosto sorridente, iluminado. Algumas meninas portavam as outras peças da indumentária da Rainha, por puro prazer. A partir daquele dia, até que a coroa se desfizesse em pedaços e o manto se tornasse um trapo desbotado, muitas crianças foram coroadas reis e rainhas nas brincadeiras da criançada da rua. E nunca mais a chamaram de feia!

 

O Pasquim disponibilizado para consulta no Museu Casa do Sertão

 

O Museu Casa do Sertão da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs) disponibilizou para consulta pública a coleção do jornal O Pasquim. As edições foram doadas pelo professor e funcionário da Uefs, Elias Domingues Neves, e pelo escritor, cordelista e professor aposentado Franklin Maxado, com números que compreendem 26 de junho de 1969 a 11 de novembro de 1991 – período em que foi editado.

O Pasquim marcou época ao ser reconhecido pelo papel de oposição ao regime militar. Em plena ditadura, foi um instrumento de combate à censura, utilizando o humor como tônica de seus textos.

No início, o jornal possuía um perfil mais comportamental, abordando assuntos como sexo, drogas, feminismo e divórcio. À medida que a repressão aumentava, se tornou mais politizado, passando a ser porta-voz da indignação social brasileira.

O periódico era semanal e tinha como colaboradores jovens intelectuais da zona sul carioca, entre eles, Paulo Francis,  Tarso de Castro, Jaguar, Ziraldo, Millôr Fernandes, Henfil, Ivan Lessa, Ferreira Gullar, Sergio Cabral e Flávio Rangel.

De uma tiragem inicial de 20 mil exemplares, chegou a superar a marca de mais de 200 mil em meados dos anos 1970, se tornando um dos maiores fenômenos do mercado editorial brasileiro.

Para informações sobre o Museu Casa do Sertão, através do telefone (75)3224-8099.

Vivian Leite – Ascom/Uefs

 

Aberto do CUCA 2010

 

O Baú da Princesa está participando do Aberto do CUCA .

 Muitos artistas e artesãos se encontram nas dependências do centro cultural.  O conjunto musical Ânima Trio se apresenta nesse momento (11.15h), no palco do Teatro de Arena.  

Anima Trio no Aberto do CUCA 2010