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Além de registrar uso da marca ‘Pagode’, Fifa também queria o Elevador Lacerda
Quem quiser explorar comercialmente as 1.406 marcas e expressões registradas pela Fifa vai ter que pedir autorização à Federação. Até 31 de dezembro, os nomes de todas as cidades-sedes são dela, mas o Elevador Lacerda escapou
Priscila Chammas (priscila.chammas@redebahia.com.br)
Era uma vez uma entidade futebolística que todos os dias acordava com uma ideia fixa: dominar o mundo. No ano de 2014, ela resolveu expandir seus domínios pelo Brasil, e registrou como suas 1.406 marcas e expressões do país. Mas, quando esticou os olhares para o Elevador Lacerda, um dos pontos turísticos mais importantes de Salvador, algo aconteceu.
O Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi) entendeu que, por se tratar de um monumento público, a construção do século XIX não poderia ser registrada como marca. Em outras palavras, quem quiser usar a imagem do Elevador comercialmente não vai precisar pedir autorização nem pagar direitos autorais para a Fifa.
O mesmo não vai acontecer com quem quiser usar termos como Salvador 2014, ou Natal 2014. Afinal, o período natalino deste ano deu o azar de ser também o nome de uma cidade-sede da Copa e, portanto, pertence à Fifa. Os nomes de todas as cidades-sede acompanhadas do 2014 estão na lista de expressões registradas pela entidade, e nem a palavra “pagode” escapou. Também estão proibidas expressões como Copa do Mundo Brasil 2014, ou algo que remeta ao mundial, além de algumas palavras que talvez ninguém sinta falta, a exemplo de… Fuleco!
“Até 31 de dezembro, ninguém pode usar esses termos para fins comerciais. O uso das marcas que foram registradas pela Fifa só pode ser feito com a autorização da Federação para o interessado”, explica a diretora substituta de marcas do Inpi, Silvia Rodrigues de Freitas.
Segundo ela, o órgão não é fiscalizador, cabendo ao detentor da marca (Fifa) acionar a Justiça (se assim desejar), caso alguém a utilize inapropriadamente. “O Inpi não aplica nenhuma penalidade”, esclarece. Sílvia informou também que os registros, normalmente, levam até três anos para serem analisados, mas a Fifa foi beneficiada pela Lei Geral da Copa e teve prioridade no atendimento. “Cumprimos apenas a lei que determinava que os processos fossem analisados com prioridade”, garante.
Publicidade
A publicidade é talvez o setor que mais sofrerá com essas proibições. A diretora de Planejamento e Desenvolvimento da Federação Nacional das Agências de Propaganda (Fenapro), Vera Rocha Dauter, conta que nem a marca de carros Hyundai, parceira da Fifa, escapou.
“Eles fizeram uma campanha que prometia mais um ano de garantia se o Brasil for hexa. Tiveram que tirar o comercial do ar e vão responder a um processo, porque utilizaram o evento como gancho”, relata. Ela diz que a Fenapro concorda que a Fifa registre as marcas criadas por ela, e alguns termos importantes, como ‘World Cup’. “O que está causando uma grande celeuma é que começaram a extrapolar. São mais de mil termos, e quando tentei consultar no site disseram que eu tenho que contratar um advogado especializado. Quer dizer, eu corro grande risco de, sem querer, acabar usando uma expressão que eles consideraram inapropriada”, reclama Vera.
A dirigente também se mostrou preocupada com os comerciais de final de ano. “É estranho porque Natal é uma das cidades e a lei vale até 31 de dezembro. Como eu vou divulgar o Natal? Será que ele vai ser confundido com uma festa da Copa?”, provoca.
O presidente da Associação Brasileira das Agências de Publicidade-Bahia (Abap-BA), Renato Tourinho, classificou os registros das marcas como uma atitude “esdrúxula”. No entanto, ele não acredita que as consequências para o mercado publicitário sejam tão graves.
“São jargões muito utilizados, e eu não vejo como controlar. A Justiça derruba isso facilmente, porque as frases são muito usadas e não foram criada por eles”. No entanto, Para Tourinho, é mais prudente que as agências não utilizem os termos durante a Copa do Mundo.
A reportagem do CORREIO tentou ouvir a Fifa, mas a sua assessoria de comunicação não atendeu aos telefonemas e nem respondeu aos e-mails.
Colaborou Jorge Gauthier.
A entidade é dona do pagode, e também do Lepo Lepo do Psirico
Nem o pagode escapou da fúria da Fifa. Ele está no meio dos registros concedidos a ela até o fim deste ano pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi). Na teoria, qualquer bandinha de fundo de quintal que quiser lançar um CD com essa palavra na capa terá que pedir autorização à federação. Mas na prática, a diretora Silvia Rodrigues de Freitas acredita que o bom senso irá imperar.
“Do ponto de vista jurídico, só a Fifa pode usar a palavra pagode até o final do ano para fins comerciais. Mas, do ponto de vista do bom senso e prático, acredito que a Fifa não entraria contra nenhum grupo de pagode que queira, por exemplo, lançar um CD com esse nome. A Fifa, geralmente, pede isso para proteção com relação a produtos ligados ao campeonato”, garante ela.
Vocalista da banda de pagode La Fúria, Bruno Magnata, não concorda com a visão da diretora. “Acho tudo isso um absurdo. O pagode é um ritmo genuinamente brasileiro, instituído desde a década de 70. Aí vêm uns gringos e querem mandar em um país sem lei pra fazer seu evento com lucros exorbitantes. Na Lei Geral da Copa só falta um artigo que expulsa os brasileiros daqui durante o evento”, opina.
E não é que a Fifa também é dona do Lepo Lepo? Mas desta vez ela não é dona dos direitos da música. Sucesso do Carnaval 2014 (esse termo ainda não foi registrado pela entidade), o Lepo Lepo estará no CD oficial da Copa do Mundo de 2014 (Xiii… esse está na lista). A Fifa anunciou, anteontem, as 14 canções do álbum que servirá de trilha para o Mundial, e incluiu na lista o sucesso do Psirico. Carlinhos Brown participa de duas faixas.
Fonte: Correio da Bahia
A TVE Bahia transmite a final do 7º Festival de Sanfoneiros
A TVE Bahia, órgão de comunicação vinculado ao Instituto de Radiodifusão Educativa do Estado da Bahia (Irdeb), confirmou a transmissão ao vivo da grande final do 7º Festival de Sanfoneiros, evento executado pela Universidade Estadual de Feira de Santana e que será realizado nesta quinta-feira (22), a partir das 19h, no Auditório Central, campus universitário. A diretora do Centro Universitário de Cultura e Arte (Cuca), Selma Oliveira, revelou que o interesse pela transmissão partiu da própria TVE Bahia, o que, conforme salienta, demonstra a importância do evento para a cultura popular nordestina.
Artistas de diversos municípios baianos e de outros estados brasileiros participam do 7º Festival de Sanfoneiros, evento que tem o objetivo de incentivar e manter vivo um dos mais tradicionais símbolos da cultura nordestina, a sanfona. A expectativa de público é de mil pessoas.
Além de assistir e vibrar com a apresentação dos finalistas e de outras atrações artísticas, os presentes poderão se deliciar com bebidas e comidas típicas nos estandes e barracas instalados no entorno do Auditório Central. Haverá exibição de filmes com temas relacionados à cultura e artistas nordestinos, como Luiz Gonzaga e Dominguinhos, e show do músico Xangai.
“O objetivo é fazer com que as pessoas se sintam nos tracionais ambientes nordestinos de festejos juninos, ou seja, nas roças, fazendas, vilarejos, fazendo com que os de mais idade revivam momentos felizes e os mais jovens aprendem a valorizar estes costumes”, afirma Selma Soares, diretora do Centro Universitário de Cultura e Arte (Cuca), entidade vinculada à Uefs e responsável pela organização e execução do Festival de Sanfoneiros.
Premiação
Depois de uma seleção preliminar, 16 artistas participam desta grande final, oito na categoria 1 (até oito baixos) e mais oito na categoria 2 (acima de oito baixos). Os primeiros colocados em cada categoria ganham R$ 4.770; os segundos colocados, R$ 3.710 e os terceiros, R$ 2.650. Haverá, ainda, o prêmio Júri Popular, também para cada categoria, no valor de R$ 1.590. A relação dos artistas está disponível no portal www.uefs.br, na seção Notícias, e também no site do Cuca (www.uefs.br/cuca).
O primeiro Festival de Sanfoneiros de Feira de Santana foi realizado pela Uefs em 2008. Inicialmente, as apresentações foram no Teatro do Cuca, mas o espaço se tornou pequeno diante do grande público atraído pelas apresentações artísticas. O evento, então, foi transferido para o Centro de Cultura Amélio Amorim e, desde 2012, é realizado no Auditório Central, localizado no campus da Uefs, com capacidade para aproximadamente mil pessoas e espaço para estacionamento.
Dama do cassino
Caetano Veloso
Eu prometi e cumpri mil carinhos
E muito respeito
Amor perfeito nos momentos bons
E nos momentos maus
Mas essa dama danada nunca encontra
Nada a seu jeito
Ela só busca as espadas, os ouros
As copas e os paus
Eu planejei sete luas de mel
Caravanas e tropas
Museus, paisagens, perfumes, vestidos
Receitas e roupas
Mas essa dona maldita sequer
Acredita em Europas
Ela só sonha com ouros, com paus
Com Espadas, com copas
Diz-se que quem é feliz no amor
No jogo é infeliz
Mas de quem faz do amor
Um jogo o que é que se diz
Eu não sei jogar e ela é a rainha
Como poderei pensar que ela é minha?
Eu escrevi canções pra caminhões
De guitarras e couros
Que se tornaram estouros em mais
De muitos carnavais
Mas pra essa Diva jamais
O sambódromo, o autódromo, os touros
Ela só fica pensando em paus
Copas, espadas e ouros
Eu já fiquei como Erasmo
Sentado à margem das estradas
À espera de uma palavra da boca
Um gesto das mãos
Mas essa deusa só diz nãos e
Nuncas e necas e nadas
Ela só sabe de paus e de ouros
De copas e espadas
Alberto Caeiro
O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de, vez em quando olhando para trás…
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem…
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras…
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo…
Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender …
O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo…
Eu não tenho filosofia: tenho sentidos… Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar …
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência não pensar…
Alberto Caeiro (Fernando Pessoa). “O Guardador de Rebanhos”, 8-3-1914
Alberto Caeiro, é considerado o mestre de todos os heterônimos de Fernando Pessoa. Segundo o seu criador “nasceu em Lisboa, mas viveu quase toda a sua vida no campo. Não teve profissão, nem educação quase alguma, só instrução primária; morreram-lhe cedo o pai e a mãe, e deixou-se ficar em casa, vivendo de uns pequenos rendimentos. Vivia com uma tia velha, tia avó. Morreu tuberculoso.”