Uefs divulga os finalistas do 7º Festival de Sanfoneiros

 

O Centro Universitário de Cultura e Arte (Cuca), entidade vinculada à Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), divulgou os finalistas do 7º Festival de Sanfoneiros. A relação está disponível no portal www.uefs.br.

A grande final será realizada no dia 22 de maio, uma quinta-feira, a partir das 18h30, no Auditório Central da Uefs, campus universitário, com entrada franca.

Os candidatos disputam nas categorias até oito baixos e acima de oito baixos. Os primeiros colocados em cada categoria ganham R$ 4.770; os segundos colocados, R$ 3.710 e os terceiros, R$ 2.650. Haverá, ainda, o prêmio Júri Popular, também para cada categoria, no valor de R$ 1.590.

  O evento valoriza, incentiva e ajuda a difundir a sanfona, um dos principais símbolos da cultura nordestina, e também promove o trabalho de artistas de diversos estados.

Relação dos selecionados para a final do VII Festival de Sanfoneiros de Feira de Santana

 CATEGORIA I (ATÉ OITO BAIXOS)

1. Agnaldo Moreira Bastos – Baixa Grande

2. Antônio Mendes Soares – Coração de Maria

3. Deusdeth Ezequiel dos Santos – Euclides da Cunha

4. Godealdo de Jesus – Riachão do Jacuípe

5. Hermes Pereira Silva – Ipirá

6. Kaike Jhone Gonzaga dos Santos – Euclides da Cunha

7. Luiz Gonçalves de Andrade – Feira de Santana

8. Pedro Pinheiro dos Santos – Feira de Santana

 

CATEGORIA II (ACIMA DE OITO BAIXOS)

1. Cícero Paulo Ferreira Feitosa – Juazeiro do Norte-CE

2. Ivan Nascimento – Euclides da Cunha

3. Joais Viana da Silva – Maracanaú-CE

4. Kenned Romário Gonçalves Rodrigues – Uauá

5. Leandro Conceição Aquino – Sapeaçu

6. Pedro Paulo Delmondes – Iguatu – CE

7. Tiago Balbino Campos – Candeal

8. Wagner Barros dos Santos – Fortaleza- CE

Prazo de inscrição no vestibular da Uefs termina quinta-feira

 

Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs) inscreve até quinta-feira (8) para o vestibular 2014.2 (ProSel), com a oferta de 920 vagas em 25 cursos. Os candidatos devem acessar o portal www.uefs.br e, na seção ProSel, preencher os dados solicitados nos respectivos campos.

É imprescindível a leitura completa do Edital, também disponibilizado na internet. Após preencher o formulário de inscrição, o candidato deve imprimir o comprovante e efetuar o pagamento da taxa de R$ 90 até o dia 9 de maio, na rede bancária. Neste vestibular, a Uefs ofereceu 3.500 isenções para estudantes egressos da rede pública.

Cinquenta das 920 vagas disponibilizadas, duas por curso, são destinadas a membros de comunidades indígenas e quilombolas. A política de ações afirmativas da Uefs prevê, ainda, a oferta de 50% das vagas para candidatos que tenham cursado, na rede pública, todo o ensino médio e pelo menos dois anos do ensino fundamental (5ª a 8ª série ou 6º ao 9º ano). Destas vagas, 80% são destinadas a candidatos que se declararem afrodescendentes.

O cartão de convocação será disponibilizado online no período de 8 a 19 de julho. As provas serão aplicadas de 20 a 22 de julho de 2014.

Artista encanta povoado de Feira de Santana decorando casas com paisagens

Fotografias em tamanho real instaladas pela artista visual Maristela Ribeiro em fachadas de casas no povoado de Morrinhos, próximo à cidade de Feira de Santana,  mudam a paisagem e a autoestima da população.

24/04/2014 – Thais Borges (thais.borges@redebahia.com.br)

Ao sair de casa pela manhã, a lavradora Maria Luísa Lopes, 84 anos, deu uma olhada na fachada de casa. Há um mês, a visão era familiar: paredes brancas e janelas verdes. No fim da tarde, quando voltou, o susto. No lugar da casa estava uma estrada de terra, rodeada por grama e por uma cerca de arame farpado.

Estava na rua errada? Não. Todos os vizinhos pareciam estar no mesmo lugar – a Rua das Flores, no povoado de Morrinhos, a cerca de 40 quilômetros  de Feira de Santana. Avistou o telhado e viu que o imóvel não tinha desaparecido. Mas… Cadê a porta?

 AMaristela RTEmagicC_morrinhos_1_amanadultra_jpg

 Dona Doralice, 88 anos, tomou um susto: ‘Pensei que a minha casa tinha sumido’, conta como foi ver o lugar onde mora após o trabalho da artista visual Maristela Ribeiro. (Foto: Amana Dultra)

É verdade que a estrada, a grama e a cerca são comuns em Morrinhos.  Só que, nesse caso, não passava da fachada da casa onde mora desde que nasceu, com uma pitada de ilusão de ótica.

Quem olha rápido – e até quem olha atentamente – pode não perceber que ali existe uma fotografia adesiva, impressa em tamanho real e colada no que antes era a parede branca. A intervenção faz parte de um trabalho da artista visual Maristela Ribeiro, professora do Instituto Federal da Bahia (Ifba). Há um ano, ela  começou um projeto que pretendia mostrar a realidade de Morrinhos aos seus próprios moradores e ao mundo.

AMaristela RTEmagicC_morrinhos_2_amanadultra_jpgNão, dona Maria Luísa não está numa estrada de chão. Está na frente de sua casa em Morrinhos, Feira. Mais especificamente, na frente da porta – que até ela tem dificuldade de ver. (Foto: Amana Dultra)

Após oferecer oficinas de arte e fotografia à população, Maristela partiu para a última fase do projeto, que começou em dezembro e se estendeu até março. “Não encontrei nenhuma imagem da comunidade, que existe desde 1940. Imaginei trazer a paisagem regional e usar as casas como telhado”, afirma Maristela, que usa o projeto na pesquisa no doutorado em Artes na Universidade Federal da Bahia (Ufba).

Metáfora

Apesar de chamar atenção dos quase 400 moradores e também dos forasteiros, a casa de dona Luísa não é a única: as paisagens de Morrinhos foram transportadas  para outras nove das cerca de 90 residências do local.

“Meu objetivo era que as casas desaparecessem. Para mim, era uma metáfora sobre o esquecimento do local, sobre como essas pessoas são deixadas de lado e se tornam invisíveis”. Lá, a maioria dos moradores vive em casas de taipa, sem saneamento básico. A principal fonte de renda, além da agricultura familiar, é o Bolsa Família, segundo a pesquisadora.

AMaristela RTEmagicC_morrinhos_3_amanadultra_01_jpg

Morrinhos: cerca de 90 casas, 400 moradores e muito esquecimento. (Fotos: Amana Dultra)

AMaristela RTEmagicC_morrinhos_4_amanadultra_jpg

José Boaventura, o seu Nonô, é só sorriso após a mudança nas casas: ‘Todo mundo amou’. (Foto: Amana Dultra)

Pois, o objetivo foi alcançado. A casa de Luísa, assim como as outras, sumiu. “Eu demorei para achar a porta, na primeira vez”, lembra. Por sorte, viu o poste que fica quase ao lado da casa. “Agora, olho o poste! A porta fica perto dele”. Até os vizinhos estranhavam. “Perguntavam: cadê a casa de Luísa? Agora, todo mundo está encantado”, orgulha-se.

Confusão

A reação de dona Doralice Lopes, de 88 anos, foi parecida. Seis dias atrás, ela não fazia ideia de que sua casa tinha se transformado em uma cerca que separa a estrada de terra de um rebanho de cabras.

Nos últimos quatro meses, o filho, o lavrador José Boaventura, 68, esteve sozinho na casa de três quartos – ela descansava na casa de outra filha, em Salvador, depois de uma cirurgia “nas vistas”. Quando chegou, não reconheceu a residência onde sempre morou.

“Perguntei: cadê minha casa, gente? Achei que tinha sumido! Quando saí, minha casa era branca. Voltei e estava verde!”, comenta, deslumbrada. Ela nunca tinha visto uma foto em tamanho real. Agora, sentada em um banco de madeira sem recosto, dona Doralice também vê a Rua das Rosas, embora a tal rua não fique ali. O que ela vê, na verdade, é  a fachada de outra casa que reproduz a via do povoado.

AMaristela RTEmagicC_morrinhos_5_amanadultra_jpg

A artista Maristela Ribeiro (ao centro), em frente à casa de dona Doralice (de saia laranja) – (Foto: Amana Dultra)

“Eu nasci, me criei e perdi os dentes em Morrinhos, mas nunca tinha visto uma coisa tão bonita!”.  Acostumado a ouvir promessas de políticos que não se concretizam, o filho dela, seu Nonô, achou que o mesmo fosse acontecer com a nova casa. “A gente pensava que não ia sair nada. Quando ela (Maristela) chegou e jogou o papel, foi que a gente viu. Todo mundo amou”.

Atração 

Das dez casas, seis ficam na praça central da comunidade – que também concentra a maior parte da vida do povoado. Quase de frente para a igreja, a cachorra Pintada corre em direção às garças que sobrevoam os mandacarus. Contudo, só a cadela está realmente ali. Garças e mandacarus estão representados na casa da lavradora Joana Lopes, 52.

“O povo vem filmar, gravar, tirar foto. Eu fico até preocupada, do jeito que as coisas estão hoje, né?”, dizia, enquanto um grupo de crianças parava em frente à casa para admirar a paisagem. “Ver a casa assim é bom demais. Pena que a gente ainda não tem condições para reformar dentro, né?”, lamentou, mostrando a parede lateral do imóvel, construída com adubo de barro.

Hoje, Maristela é reconhecida por onde passa, em Morrinhos. Não é política, nem popstar. Mas, lá, é quase uma celebridade. “No início, eles tinham desconfiança, mas são muito hospitaleiros. Perceberam que seria uma troca, porque eles têm uma estética própria”. E se depender dos moradores, essa estética vai ficar exposta por muito tempo, como garantiu dona Doralice: “Não deixo tirar. Só o tempo pode levar embora”, avisa.

 População reclama que abastecimento  de água foi interrompido há 15 dias

Castigados pela seca, os moradores de Morrinhos têm se virado sem água há 15 dias. Para completar, a maioria das casas também não tem saneamento básico. “A gente vai buscar água num tanque duas, três vezes por dia”, conta o lavrador André Batista, 76 anos.

 AMaristela RTEmagicC_morrinhos_6_amanadultra_jpg

Sem água há 15 dias, moradores de Morrinhos são obrigados a carregar baldes e galões. (Foto: Amana Dultra)

 O tanque fica a cerca de dois quilômetros do povoado, no terreno que faz parte de uma fazenda da região. Todos os dias, eles caminham até lá com carros de mão e baldes na cabeça. “O tanque é fundo, quase do tamanho do poste, quando está cheio. Mas quem alimenta é a chuva e não está chegando nem nas pernas”, diz, apesar de não saber dizer há quanto tempo não chove.

A água que resta se mistura com a lama do fundo do poço. “Como se não bastasse, a gente disputa com animais que bebem a água. É cavalo, cachorro, porco…”, afirma o lavrador Ivonaldo Barbosa, 30.

Procurada pelo CORREIO, a assessoria da prefeitura de Feira de Santana não deu um posicionamento oficial até o fechamento desta edição, às 20h. Já a assessoria da Embasa, responsável pelo fornecimento de água, não confirmou a informação, devido à paralisação administrativa de 24 horas do órgão, ontem.

Povoado tem cerca de 400 moradores em 90 casas

Localizado no distrito de Jaguara, em Feira de Santana, o povoado de Morrinhos tem quase 400 habitantes, que vivem em cerca de 90 casas. Para chegar até lá, é preciso seguir pela BR-116 e pela Estrada do Feijão.

Apesar de os primeiros moradores terem chegado em 1890, o número de casas só aumentou em 1975, segundo o lavrador André Batista, 76 anos, popularmente chamado de “memória viva” da comunidade. “Só tinha seis casas. Depois, as famílias começaram a chegar e abrir as ruas”.

AMaristela RTEmagicC_morrinhos_mapa_jpgFONTE: Correio da Bahia 

 

Paixão de Cristo será encenada em Feira de Santana

grupo_renascer_paixao_cristo2

O  público baiano poderá apreciar uma das maiores apresentações teatrais ao ar livre do Estado; a partir desta sexta-feira até domingo (11 a 13 de abril), no Parque de Exposição João Martins da Silva, em Feira de Santana, a partir das 19h. Trata-se da “Paixão e Morte de Cristo”, encenada pelo Grupo Teatral Renascer, com mais de 150 personagens.

Para assistir ao espetáculo o acesso é gratuito. Mas, quem desejar poderá contribuir com um quilo de alimento não perecível que será doado a entidades que prestam assistência social.

Segundo Betânia Knoedt, membro do Grupo Renascer, a iniciativa cresce a cada ano, tanto no número de figurantes, como no de público e equipamentos utilizados nas cenas. Até 2012, por exemplo, Pôncio Pilatos aparecia sempre à pé, mas agora chegará de carruagem, reforçando o personagem que representava à época, o poderio do Império Romano.

grupo_renascer_paixao_cristo3

O Grupo Teatral Renascer encena a Paixão de Cristo há 27 anos, buscando evangelizar através da arte. Durante o ano, o espetáculo é certo em pelo menos dois períodos: na Semana Santa e nos festejos natalinos.

Fundado por Isa Miranda Cruz, que além de coordenadora é diretora de Cenário e Figurino, o Grupo Teatral Renascer tem também à frente Fábio Bittencourt Figueiredo, que além de diretor geral, interpreta o personagem mais importante de toda a história da humanidade, Jesus Cristo.

grupo_renascer_paixao_cristo

.

Caminhando pela cidade com Cíntia Portugal

LivroCintia 1

Ontem, dia 04 de abril, aconteceu o lançamento do livro Caminhando pela Cidade, de Cíntia Portugal. O meu desejo era de estar presente e de “caminhar pela cidade” de mãos dadas com a autora, pelas ruas da memória, em Feira de Santana, o que não foi possível em razão de problemas de saúde alheios à minha vontade. A minha participação nesse evento seria modesta, mas repleta de boas recordações e alimentadas pelo reencontro com pessoas queridas que fizeram – e que fazem parte da minha vida.

Como feirense tenho pela minha cidade um amor incondicional, apesar das transformações impostas pelo tempo, pelo dito “progresso” e pelo despreparo e indiferença de tantos que a mutilaram ao longo dos anos. Apesar dos esforços realizados nos últimos anos e dos numerosos trabalhos de pesquisa voltados para o interior do Estado, fonte de informações importantes e originais, muito ainda precisa ser resgatado, pois a maioria das pesquisas focaliza Salvador, a capital da Bahia, sobretudo os episódios relacionados ao litoral, costumes e personagens característicos daquela realidade.

Mas, como hoje é dia de festa e alegria, caminhar pelas ruas de Feira da Santana do passado é uma evocação da memória que faz bem à alma; a cidade,  devidamente resgatada através de fontes documentais, iconográficas e escritas, representaram o seu cotidiano em determinadas épocas.

Cíntia Portugal realizou uma leitura das configurações da cidade, seus códigos, regras e procedimentos, praticados e legitimados em momentos distintos da sua história. Identificou atores sociais enquanto agentes e incentivadores da produção cultural local. Ela foi motivada pelo desejo de identificar acontecimentos da vida feirense, reconhecer, desvendar e fixar fatos e personagens no tempo e no espaço, e, para mim, a importância da obra já aparece estampada na capa: uma foto antiga da Rua Sales Barbosa onde se vê toda a lateral do Mercado Municipal, hoje Mercado de Arte. O mais interessante, porém, é a sobreposição de uma foto colorida onde aparecem pernas bem torneadas e um lindo par de sapatos vermelhos decorados com bolinhas brancas e laçarotes.

Ao adquirir o livro, a primeira impressão transmitida à minha mente pelos meus olhos foi a de uma jovem que flanava despreocupada pelas ruas da cidade. Ao concluir a leitura, constatei que esse passeio prazeroso estava intimamente ligado à História do Cotidiano, defendida por Le Goff, pois era possível perceber que a cidade funcionava como um mosaico, que ela apresentava e representava o mundo e a sociedade e atribuía a cada ator e a cada elemento histórico, um papel preciso no funcionamento dos sistemas e na decodificação da realidade. Ou seja, o olhar jovem e extravagante da autora, representado aqui pelo par de sapatos vermelhos, deu outra dimensão ao resgate da memória urbana.

Sabe-se que os grupos humanos representam o mundo que os rodeia de maneiras distintas: um mundo figurado ou sublimado, um mundo codificado pelos valores, pela importância do trabalho e do lazer; um mundo dotado de sentido, através das crenças; um mundo, finalmente, fruto dos legados do meio, da educação e da instrução. Assim, segundo Rioux, a História Cultural, reivindica o estudo das formas de representação do mundo no interior de um grupo humano, independentemente da sua natureza, nacional ou regional, social ou política.

Quero concluir essa breve reflexão citando versos singelos de Eurico Alves Boaventura:

Minha terra não é moça,

minha terra é menino,

que atira badogue

que mata mocó.

(…)

Minha terra é menino

é um vaqueirinho

vestido de couro…

Na lírica melancólica de Eurico, que canta as aventuras do menino sertanejo, fica explícito o desejo de resguardar o passado da cidade, sua memória, guardiã de algo que efetivamente ocorreu, pois é ela quem assegura a continuidade temporal e os alicerces da história que se escreverá no futuro.

Os recentes estudos atestam a impossibilidade de uma dissociação, até então possível, entre a memória e a história, haja vista que ela permite uma melhor apreensão das relações entre o passado e o presente; assim sendo, segundo Paul Ricoeur, a memória deve ser entendida como uma construção identitária dos grupos sociais subordinados a determinados contextos sociais, e tem como fundamento a preservação da identidade.

Encerro a minha reflexão parabenizando a escritora Cíntia Portugal pelo excelente trabalho que realizou em prol da memória histórico-cultural de Feira de Santana.

Leni David